Blumenau, 12 de Janeiro de 2008, sábado, 23h05. A besteira do Big Brother já acabou, mas a do Zorra Total, começou. Os outros canais também não mostram – para mim – nada interessante.
Como Lulu Santos canta: “...sábado à noite, tudo pode mudar ...”. Quem sabe.
Meus pais e meu irmão estão na praia desde terça-feira e, desde então, aqui em casa só tem pãozinho, queijo, lingüiça, margarina, geléia de abacaxi, suco de maracujá, maçã, laranja e alguns morangos que colhi na nossa horta. Como, para eles, as férias ainda não terminaram, as compras do mês ainda não foram feitas. Mas hoje achei o arroz e deu pra comer com leite (hummmmmmm!!!).
Ontem, meu pai teve que subir pra ir ao banco e disse que me levaria pra praia. Então, a essa hora eu poderia estar na fila do Bali Hai com meus colegas, todos ansiosos para uma mais uma balada. Mas a minha esperança (inútil) de sair com uma amiga amanhã me fez ficar em casa. Hoje, terminei de ler um livro sobre os atentados de 11 de Setembro, na Internet pesquisei muita coisa sobre o assunto, e comecei a ler um livro – no mínimo, diferente – sobre gatos.
Ao menos, agora, tento algo que não fazia há mais de dois anos, escrever (talvez tudo possa mudar então). Pensei em pegar uma cadeira reclinável e ir lá fora pra pegar um pouco de inspiração nas estrelas, mas lembrei que não tenho cadeira reclinável e o céu está nublado... Mas o sofá aqui dentro está bem confortável e os aproximadamente 10 litros de suco de maracujá que tomei desde terça-feira me fazem sentir mais calmo e relaxado. Até demais, meus olhos estão começando a ficar pesados...
Uma música romântica ecoa na minha cabeça, ouço alguns carros passarem na rua, uns cachorros latirem por aí e o tic-tac do velho relógio na estante ao meu lado. Pensando, risco a beirada da página desse manual de instruções com centenas de páginas, cujo verso agora uso como bloco de anotações. A mesma música continua ressoando na minha mente, o sono aperta, me espreguiço no sofá e tomo mais um gole de... suco de maracujá (como se, na situação que estou, pudesse ser de outra coisa).
Fecho os olhos “pra não ver passar o tempo, sinto falta de você”. Me veio à cabeça outra música. Pois bem, era mais ou menos sobre isso que eu pretendia escrever... Mas, antes de começar, me deixe ir ao banheiro, pois o suco de maracujá deixou tudo muito relaxado aqui pra baixo também....... Uff... Depois de algo acontecer na casa de uma amiga há uns 2 anos de meio atrás, eu tenho um probleminha para segurar (problema mais psicológico. Na verdade, apenas medo de acontecer novamente), apesar de eu ter sido uma criança exemplar na cama, sempre sequinha... Mas o sufoco pelo qual passei naquela vez (dá pra imaginar o que foi né) deixou em mim esse pequeno “trauma”...
Pois é, voltando ao assunto, concentração...
Voltamos a 2005, ultimo ano do 2º grau, estava chegando o momento de dizer adeus ao colégio onde estudei quase 10 anos. Já como bom amigo de Tânia, meu futuro primeiro grande amor, eu às vezes pensava comigo mesmo sobre me apaixonar por ela (até então eu não era). Eu queria ficar daquele jeito meio “avoado”, meio besta, como os jovens apaixonados. Eu chegava a pedir isso a Deus. E assim foi, fiquei apaixonado por ela. Não que eu achava que estava por querer estar. Eu realmente me apaixonei por ela. E assim fiquei por um ano, apesar de nunca ser correspondido e de outra garota mais ou menos gostar de mim (ela só queria ficar comigo, que absurdo!!!! No final da história até mais ou menos fiquei com ela; e é a primeira, e única até agora, garota que mais ou menos beijei). Pois bem, o meu “derramar de lágrimas” (que fez outras pessoas também derramarem) com relação à Tânia já fiz em outro texto. Então, paro por aqui com essa história.
Apenas lembrei-me de que a minha atual situação é idêntica a essa de 3 anos atrás, no ponto de “querer me apaixonar”. A Sandy que me perdoe, mas realmente não lembro como foi nosso primeiro contato. Deixamos esse “pequeno” detalhe de lado então (talvez ela se lembre e reavive minha memória um dia). Ela freqüentava, não muito regularmente, o mesmo grupo de jovens que eu. Ela, em idade, era relativamente nova no grupo, eu, em tempo de participação nele.
Naquela época eu, que estava naquela idade de vício em Internet, passava todo o final de semana conectado, conversando com meus amigos e baixando músicas. Ela, que, pelo menos, também não odiava esse o mundo virtual, ainda cursava o 1º grau e tinha alguns problemas com as colegas de escola. Eis que esse foi o primeiro motivo para uma conversa, do tipo básico: “Problemas com as amigas?” “Sim.” “Por que?” “Porque blá blá blá blá blá” “Putz, que ruim” E assim vai... Como ainda era apaixonado por Tânia, eu também falava com Sandy sobre ela. Sandy sempre me ouvia, dava vários conselhos e dizia que ela brigaria com Tânia por mim... tudo na brincadeira né...
Ela dizia que eu era o único que a “agüentava”. E assim nossas conversas fluíam bem. Mesmo que de uma forma nem tanto “adulta”. Eram bem comuns os “eu te amooooooooo” com as maiores quantidades possíveis de “os” e de repetições, para ver “quem amava mais”. Também ríamos, ríamos das risadas, ríamos das risadas que dávamos das risadas, e etc. Também nos apelidamos de “pirralha” e “nego”, colocando, também, sempre o maior número possível de “as” e “os”. Às vezes juntávamos essas três coisas, aí imagina... Sonhávamos em fundar nossa própria cidade, =p (nome escolhido após tanto utilizarmos tal código em nossas conversas), onde não existiriam dinheiro, crimes ou muros, só felicidade!
Apesar de até então nos termos visto pouquíssimas vezes, eu já gostava dela, pois, apesar de toda essa besteirada que falávamos, se via que, dentre as garotas da mesma idade e a maioria das um pouco mais velhas, ela era a qual eu considerava a mais madura mentalmente. Mas, claro, ainda tinha seu lado bem criança (no bom sentido). Com o início das aulas, passamos a nos ver de vez em quando no terminal de ônibus. E, certa vez, até cheguei a esperá-la na frente da escola onde estudava, já no 2º grau, para dizer que gostava dela. Eis que o medo foi maior do que o... sentimento. Talvez ainda não fosse a hora. Agora, acho que fosse sim.
Na Páscoa, lhe dei uns chocolates, no seu aniversário, uma flor (que havia acabado de comprar na floricultura da sua mãe. Não sei o que ela imaginou quando me viu entrar lá chamando por sua filha, com aquela flor na mão). Eis que o ano foi terminando e chega o Natal. Sem fugir do meu costume, comprei um presentinho para ela. Numa operação digna de SWAT, “entreguei” o presente – jogando-o na varanda no 1º andar, pois não tinha ninguém em casa – sem que qualquer vizinho notasse, vindo me chamar a atenção, e provavelmente pondo tudo a perder. Após isso, apenas tive que pedir ajuda à irmã dela para que, quando chegassem em casa, pegasse o presente fazendo parecer que havia sido localizado de forma totalmente “surpreendente”. E pronto, lá estaria ele na mão da Sandy. Pois bem, junto com o presente, seguia uma carta na qual em me declarava a ela... beleza.
Dias depois, no meu horário de almoço, fui conversar com ela em sua casa. Fiquei meio encabulado de conversar com ela lá, pois muitas pessoas estavam no ponto de ônibus que fica bem em frente à sua casa. De vestido verde, ela desce para falar comigo. Pergunto se está tudo bem, se recebeu o presente, ok, tudo ok. E pergunto se gostou dele. Então, ao recebê-lo de volta e um “não” como resposta, foi como se eu estivesse me olhando, estilhaçando como um vidro ou, como num episódio do Pica-Pau, derretendo como gelo... Então, eu tinha vontade apenas de rir, apesar de me sentir o cara mais trouxa da face da terra (talvez quisesse rir de mim mesmo, não sei, pode ser). Depois, já não raciocinava direito. Não conseguia retomar a conversa com um bom assunto, nem falar qualquer coisa sobre... meus sentimentos. Nos despedimos e prometi a mim mesmo que eu a esqueceria.
Dias depois, enviei um e-mail dizendo isso e um monte de coisas loucas (eu já estava vendo coisas andarem na cozinha, já eram quase cinco da manhã), inclusive que o presente ficará sempre guardado para ela, pois é apenas dela.
2007 chega e, recém-promovido na empresa e ingressando na faculdade, ganho mais trabalho e faço novos colegas, o que me faz ter pouco tempo pra pensar em outras coisas. Às vezes, uma lembrança aparecia em minha mente, mas eu logo a apagava.
Chega o mês de outubro, 10 meses se passam, tempo suficiente para esquecer um amor, o que dirá uma “paixãozinha” então... ah, tais enganado meu querido. Como até então eu achava que era, e eu queria novamente se amigo dela, puxei assunto com ela no Orkut, pois lá estava como cidade dela a nossa “=p” (a nossa cidade dos sonhos)... uma boa deixa...
E, papo vai, papo vem (até uns papos bem cabeça), percebo que ela continua sendo, ou, melhor, está até mais madura do que anteriormente. Apenas, ao que me parece, perdeu um pouco de seu jeito criança, o que penso ser apenas comigo, por tudo que ocorreu né...
Pois é, neste ano completo 20 anos (nem digo o tanto que acho estranho nisso) e, pra quem terá 12 filhos (=p), está na hora de começar a planejar o futuro. Agora, falo diretamente a ela, que: como já te falei, só você que me fazia sentir mais criança, sem responsabilidades; que me fazia voar para um incrível mundo bom, um mundo nosso, onde apenas havia coisas boas, coisas que hoje eu não acredito mais que possam se tornar realidade. Hoje, depois de todo esse tempo, de tudo que passei, de tudo que guardei, de tudo que senti, percebo que é só você que me faz sonhar com o futuro, e nesse futuro eu vejo só você, para sempre.
Maurício da Silva Junior
Blumenau, 13 de Janeiro de 2008.